Em um ano que mostra uma leve queda no tráfego global de pirataria digital, uma categoria surpreende ao crescer: mangá. De acordo com dados recentes da empresa de análise de pirataria MUSO, as visitas a sites piratas relacionados a publicações aumentaram em 2024, e os mangás representam a grande maioria desse crescimento. Os Estados Unidos lideram esse aumento, respondendo por mais de 12% das visitas globais a sites de pirataria de publicações, superando todos os outros países.
Enquanto outras categorias de mídia, como música e filmes, apresentam quedas significativas na pirataria, os mangás mostram uma história diferente. Apesar de processos judiciais em andamento, solicitações de remoção e campanhas antipirataria, o apelo de ler mangás ilegalmente online continua forte, principalmente entre os fãs dos Estados Unidos, que estão ansiosos pelos últimos capítulos assim que são lançados no Japão.
Mangá impulsiona uma nova era de pirataria de publicações
Enquanto filmes e música recuam, a pirataria de mangá avança
Embora as visitas globais a sites piratas tenham diminuído de 229 bilhões para 216 bilhões em 2024, o tráfego para sites piratas relacionados a publicações desafiou a tendência, aumentando para 66,4 bilhões — um crescimento de 4,3%. Mais de 70% dessas visitas foram especificamente relacionadas a mangás, destacando seu papel dominante nessa retomada da pirataria. Em contrapartida, a pirataria de livros tradicionais representou apenas uma pequena parte da atividade.
Esse crescimento não é recente. Nos últimos cinco anos, a pirataria de publicações mais do que dobrou, mesmo que o total de visitas piratas tenha permanecido relativamente estável. O principal motivo é a crescente procura global por mangás, principalmente por leitores da Geração Z, que frequentemente desejam acesso instantâneo aos últimos capítulos, traduzidos por fãs e compartilhados antes que as versões oficiais em inglês estejam disponíveis.
Os Estados Unidos lideram o ranking de pirataria de mangá — e o problema
Serviços fragmentados fazem com que os fãs americanos recorram a sites piratas
Ao analisar por país, os Estados Unidos continuam sendo a maior fonte de tráfego de pirataria em geral, e essa tendência permanece nos mangás. O relatório da MUSO mostra que mais de 8 bilhões de visitas de pirataria de publicações tiveram origem apenas nos Estados Unidos, seguidos por Indonésia, Rússia e Vietnã. Curiosamente, o Japão, berço do mangá, ficou apenas em quinto lugar, apesar de sua cultura e domínio editorial.
Os meios legais para ler mangás em inglês melhoraram nos últimos anos, com plataformas como Manga Plus, Shōnen Jump e K Manga tentando reduzir essa diferença. No entanto, a disponibilidade fragmentada, os cronogramas de lançamento inconsistentes e os paywalls deixaram uma lacuna que os sites piratas de mangá estão mais do que dispostos a preencher. Para muitos fãs, especialmente os mais jovens, a rota não oficial é mais rápida, barata e, muitas vezes, melhor traduzida.
Opções legais existem e continuam a melhorar, mas, a menos que consigam igualar a velocidade e a acessibilidade das alternativas piratas, a pirataria de mangá nos Estados Unidos dificilmente desaparecerá tão cedo.
Embora os números crescentes possam alarmar as editoras, a MUSO argumenta que a pirataria frequentemente destaca as demandas do consumidor que os mercados legais não conseguem atender. Os fãs recorrem a sites piratas não apenas por conveniência, mas porque buscam conteúdo atrasado, com restrição geográfica ou atrás de paywalls confusos. Até que a indústria de mangás aborde totalmente esses pontos de atrito, a pirataria permanecerá uma opção atraente.
Fonte: SR
