Após o fim de Game of Thrones, a HBO agiu rapidamente para expandir o universo de George R.R. Martin com diversas séries derivadas. House of the Dragon foi um sucesso, A Knight of the Seven Kingdoms tem estreia prevista para 2026, outros projetos estão em desenvolvimento, e alguns foram cancelados antes mesmo de terem a chance de sair do papel. No entanto, embora as séries (e HOTD) tenham se concentrado em reis, dragões e intrigas políticas, a próxima grande novidade está praticamente escancarada.
Os Homens Sem Rosto são, sem dúvida, um dos grupos mais fascinantes de Westeros e Essos. Os fãs adoram a ideia há anos, o material de origem é incrivelmente rico, e o potencial narrativo é evidente. O mais surpreendente? A HBO ainda não ter dado sinal verde. Mas o que não agrada? Nascidos na Velha Valíria graças a um escravo que via a morte como uma saída, eles se transformaram em uma seita secreta de assassinos religiosos em Braavos, que servem ao Deus de Muitas Faces.
Tudo isso já é mais interessante do que metade das tramas que Game of Thrones tentou forçar em suas últimas temporadas. E, no entanto, quando a série teve a chance perfeita de explorar esse grupo através da história de Arya (Maisie Williams), desperdiçou a oportunidade. O templo pareceu um mero cenário, os rituais foram diluídos (quase a um nível risível), e o misticismo se tornou apenas ruído de fundo para mais uma jornada de heroína. Pareceu preguiçoso, como se não confiassem que o público conseguiria lidar com algo mais profundo.

Jaqen realizou assassinatos incrivelmente precisos, quase sobrenaturais, e mais tarde mostrou que podia mudar de rosto, mas isso não foi suficientemente explorado. A série nunca se aprofundou na origem desse poder, em como os Homens Sem Rosto operam ou no que realmente significa se juntar a eles. Apenas lançam a ideia de que existe um código estrito e um sistema mais profundo por trás de tudo isso, para criar um drama temporário na história de Arya. A mudança de rosto de Jaqen é tratada como um efeito especial interessante, mas, no material original, tem muito mais peso: transferência de memória, a renúncia à sua identidade e a devoção total ao Deus de Muitas Faces. Nada disso chegou à série. Em vez disso, foi reduzido a apenas mais um artifício de enredo. Continua sendo uma grande oportunidade perdida.
Por que um spin-off dos Homens Sem Rosto é uma boa ideia?
É exatamente por isso que uma série derivada focada nos Homens Sem Rosto seria a jogada mais inteligente (e provavelmente a mais ousada) que a HBO poderia fazer agora. Este é um grupo que renuncia a quem são, usa os rostos dos mortos para se tornar outra pessoa e acredita que a morte é, na verdade, uma dádiva sagrada. Imagine as questões morais e filosóficas que poderiam surgir disso – sem mencionar a chance de construir um universo rico. Uma série como essa poderia finalmente romper com a fórmula cansada de “quem fica com o trono”, que já foi explorada à exaustão. Para os espectadores que anseiam por algo mais sério e reflexivo, isso seria perfeito. Afinal, batalhas e lutas pelo poder são divertidas, mas este mundo pode ir muito mais fundo – e já passou da hora de alguém permitir isso.

Além disso, não é como se a HBO nunca tivesse considerado a ideia antes. Houve conversas sobre uma série ambientada em Braavos que poderia ter envolvido os Homens Sem Rosto, mas o projeto foi engavetado. Assim como Bloodmoon (a série derivada sobre a Longa Noite que foi cancelada após um piloto caríssimo), essa ideia morreu antes de ter uma chance real. Será que a HBO tem tanta aversão ao risco assim? Dragões são uma aposta segura, pois eles sabem que as pessoas vão assistir, mas são as ideias novas e mais arriscadas que podem, de fato, levar a franquia a um novo patamar. Já é enorme, mas o mais incrível é que está apenas arranhando a superfície do que pode ser.
Ademais, o fandom já está a bordo: existem tópicos no Reddit, vídeos no YouTube, TikToks e até petições implorando por uma série dos Homens Sem Rosto. Algumas pessoas até propuseram um formato de antologia, em que cada temporada acompanha um assassino diferente em uma nova missão, em um lugar e época distintos. Isso abriria Essos, nos levaria de volta a Valíria antes de sua queda ou nos mostraria histórias paralelas à trama principal de Game of Thrones. Aliás, a série nem precisaria depender de personagens famosos. Poderia se sustentar sozinha, apenas com base na atmosfera, no conceito e na coragem de fazer algo novo.

Conclusão
Uma série derivada dos Homens Sem Rosto não é apenas o próximo passo lógico – é praticamente a única jogada que ainda pode nos surpreender. Dragões são legais e funcionam, mas por que não buscar algo que mude o roteiro, que nos faça repensar o que este mundo realmente representa? O lado mais sombrio e espiritual do universo de Martin ainda está relativamente intocado. Os Homens Sem Rosto têm tudo – mistério, perigo, devoção e até uma base de fãs já consolidada. As pessoas já estão convencidas. Só precisam que a série realmente aconteça.
Se a HBO continuar ignorando essa ideia, estará desperdiçando algo enorme. É hora de explorar o que ficou nas sombras – os mitos, os grupos secretos e as coisas que ninguém realmente explica. Uma série sobre os Homens Sem Rosto não seria apenas incrível – seria uma declaração. Seria um sinal de que Game of Thrones ainda tem mais a oferecer do que apenas lutas pelo trono e dragões cuspindo fogo. Acima de tudo, finalmente mudaria o foco para o que está além de tudo isso. E essa é uma história que vale a pena contar.
Fonte: CB