One Piece, um dos animes e mangás mais duradouros, tem seus altos e baixos. Contudo, Eiichiro Oda sempre encontra novas maneiras de nos fazer admirar o personagem principal cada vez mais. À primeira vista, Luffy parece o mesmo desde o primeiro capítulo, graças à sua personalidade alegre. No entanto, seu crescimento é sutil, mas constante, evoluindo a cada batalha que o ensina sobre o mundo e seu papel nele. Embora One Piece seja um shonen de ação, a história se concentra no personagem principal, e não apenas nas lutas.

Luffy amadurece ao longo da jornada, mas não se perde, mesmo após a trágica morte de seu irmão. Ele tropeça e cai, mas se levanta rapidamente. Luffy sempre foi carismático, e o fato de nunca ter tido um monólogo interno (revelando seus pensamentos aos leitores/espectadores) o torna ainda mais interessante. Oda criou cuidadosamente o personagem de Luffy para que ele não precisasse de um monólogo. A razão por trás disso é simples.

A honestidade radical de Luffy em One Piece

Luffy é transparente em relação aos seus sentimentos, e essa é a única razão pela qual ele não precisa de um monólogo interno. Isso reflete sua essência: ele não pensa duas vezes antes de agir e, mesmo sendo um pirata, odeia desonestidade e engano. Ele não consegue mentir, mesmo que sua vida dependa disso. Em vez de ponderar demais, ele se expressa através de suas ações. Ele reage, grita e, às vezes, fala o que não deve, o que, curiosamente, é uma das bases mais fortes de sua personalidade. Na ausência de um monólogo interno em One Piece, Luffy frequentemente pensa alto ou simplesmente canta (mal) para preencher o silêncio.

Ao contrário da maioria dos personagens que escondem seus sentimentos, medos e vulnerabilidades, Luffy não hesita em mostrar sua transparência emocional. Ele não precisa narrar sua jornada interna porque ele a vive intensamente. Luffy pode parecer simples, mas é complexo de maneira sutil, pois demonstra inteligência emocional e um senso de moralidade inabalável. O comportamento reservado de seus companheiros de tripulação não o impede, como quando descobre o passado de Nami ou o trauma de Robin; ele simplesmente decide fazer o que acha certo e eliminar aqueles que causam sua dor.

Ele tem um instinto incrível para entender as pessoas, e uma de suas características mais marcantes é sua habilidade de confiar até mesmo em personagens moralmente ambíguos ou aparentemente maldosos, quando outros não o fariam. Luffy sabe instintivamente em quem confiar; isso acontece desde antes de conhecer Zoro. Isso também se aplica a Robin, Bon Clay, Franky, Hancock e muitos outros que ele encontrou ao longo do caminho.

Luffy: A personificação da liberdade

Os temas centrais de One Piece, como liberdade, transformar a imaginação em realidade, desafio contra a injustiça e fidelidade a si mesmo, são expressos por Luffy de forma tão exuberante que ele se destaca diante de outros personagens. Se ele tivesse que pensar sobre suas ações, analisar a situação antes de agir e ser limitado por seu próprio processo de pensamento, ele não conseguiria se tornar o homem mais livre do mundo. Para ele, não há tesouro maior do que viver a vida sem estar preso a nada.

Luffy não busca se tornar o Rei dos Piratas por riqueza, fama ou poder; ele simplesmente quer viver sem restrições. Ele sabe que não pode alcançar seu sonho sem conquistar tudo o que Gol D. Roger conquistou. Até mesmo seus poderes refletem o tema mais importante da história: a liberdade em sua forma mais pura, como Nika, o Deus do Sol, Guerreiro da Libertação. Diferente dos outros, Luffy não precisa de um grande motivo para lutar contra alguém. Se cometem alguma injustiça, machucam seus amigos ou o irritam, ele fará o que for preciso para corrigir as coisas.

Ao mesmo tempo, ele sabe quando se controlar, como fez em Jaya contra Bellamy. É assim que Luffy tem lutado, e aos poucos seu poder evolui para aquilo que ele sempre buscou. Nada representa mais liberdade do que a forma do Deus do Sol Nika. Assim, a ausência de um monólogo interno em One Piece incentiva o público a compreendê-lo por meio de suas ações e humanidade, e não através de seus pensamentos.