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Análise de Coração de Ferro: Queria Muito Não Estar Tão Decepcionado

Análise de Coração de Ferro: Queria Muito Não Estar Tão Decepcionado

Após quase cinco anos do anúncio inicial, finalmente temos a série da Marvel, Coração de Ferro no Disney+. A distribuição em dois blocos de três episódios só faz sentido após assistir a todos os seis. Dominique Thorne retorna como Riri Williams, a jovem prodígio da tecnologia, após sua estreia em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre. Anthony Ramos (como o vilão Capuz), Lyric Ross (como sua falecida melhor amiga/IA Natalie) e Alden Ehrenreich (como “Joe McGillicuddy”) completam o elenco principal. Mas será que a espera valeu a pena? Infelizmente, a resposta não é simples.

Coração de Ferro é uma produção ambiciosa da Marvel, com ideias interessantes, um elenco excelente e efeitos visuais impressionantes. No entanto, a série é confusa, desequilibrada e, por vezes, frustrante. O ritmo é irregular na primeira metade, alguns personagens são irritantes e certas decisões narrativas são questionáveis. A trama se inicia após os eventos de Wakanda Para Sempre, mostrando Riri com acesso aos recursos de Wakanda e lidando com as consequências disso. Ela retorna à Terra, onde não pode simplesmente fazer o que quer. Seu objetivo não é ser uma heroína, mas provar que é a inventora mais talentosa de sua geração.

Essa talvez seja a maior diferença entre Riri e Tony Stark. Ambos são movidos pela ambição, mas Riri busca reconhecimento, enquanto Tony era motivado pelo medo de que, se ele não salvasse o mundo, ninguém mais o faria. Essa diferença leva Riri a flertar com o crime de forma um tanto abrupta, o que não se justifica plenamente, pois sua busca por construir a melhor armadura possível usando recursos ilícitos carece de profundidade. Falta um conflito emocional mais desenvolvido entre a ideia de infringir a lei e suas ações, que a colocariam na mira do FBI.

Riri Williams in her Ironheart armor in Ironheart

A questão da motivação dos personagens é um dos aspectos mais interessantes da série. Três personagens diferentes lidam com o peso da herança e das expectativas. Além disso, o trauma geracional e cultural de Riri (cujo respeito por Tony Stark é atenuado pelo desprezo por seus privilégios) adicionam uma camada intrigante à narrativa. Gostaria que a história explorasse esses temas de forma mais explícita. Infelizmente, a qualidade da escrita nem sempre acompanha a das ideias, e o desenvolvimento dos personagens poderia ser melhor trabalhado. Como resultado, muitos personagens tomam decisões precipitadas e um grupo de pessoas consideradas gênios se comporta como idiotas. Embora emoções e tentações estejam presentes, falta espaço para explorá-las adequadamente.

A identidade também desempenha um papel importante na trama. Riri é negra, e sua cultura e criação são elementos cruciais de sua jornada. A questão da classe social também é relevante. Coração de Ferro funciona como um espelho do que teria acontecido com Tony Stark se ele não tivesse nascido rico, se o trauma geracional o tivesse levado a desviar suas ambições e se ele tivesse que se esforçar mais para que suas habilidades e genialidade se manifestassem. A trajetória de Tony Stark explorou até onde ele iria para salvar a Terra. A de Riri explora a mesma questão em uma escala diferente. É interessante notar como os instintos e a autodestruição se manifestam em ambos, apesar da ausência de uma ligação direta.

Anthony Ramos e Alden Ehrenreich, novatos no Universo Cinematográfico da Marvel, entregam ótimas atuações, assim como Manny Montana no papel de John, o primo do Capuz. Uma participação especial importante nos episódios finais também merece destaque. No entanto, o grupo de supervilões “Jovens Lordes” do Capuz é extremamente irritante. Além disso, a tentativa de criar uma ligação emocional com Natalie, a melhor amiga de Riri que morre e renasce como uma IA por meio de um milagre tecnológico inexplicável, não funciona bem no início. Nos três primeiros episódios, ela lembra uma mistura desajeitada de Clippy (o antigo assistente do Microsoft Office) e Scooby-Doo. Felizmente, ela melhora com o tempo.

Anthony Ramos as The Hood in Ironheart

Existe um clichê que diz que um bom final pode compensar muitos erros cometidos ao longo do caminho. Se isso for verdade, a recepção de Coração de Ferro será mais positiva do que esta análise. O episódio final (e sua preparação) transmite confiança, promove uma mudança genuína no MCU e estabelece um futuro surpreendente (ainda que um pouco abrupto) para a heroína. Sem dúvida, aguardarei ansiosamente a segunda temporada, caso aconteça. Se não, a Marvel terá colocado Riri em uma situação delicada que exigirá muita criatividade para ser resolvida.

Há muitos aspectos positivos em Coração de Ferro. A história do Capuz e sua corrupção mágica é tão interessante que mereceria sua própria série ou minissérie. A corrupção de Riri por sua própria ambição também é um tema interessante, e a ideia de que a herança pode ser uma maldição é ótima. É justo dizer que a segunda metade da série é superior aos três primeiros episódios, culminando em um final muito melhor que une todas as boas ideias. O problema é que, por vezes, a execução parece apresentar histórias desconexas que são contadas simultaneamente, sem que nada receba tempo suficiente para se desenvolver. O resultado é uma confusão excessiva, sem a profundidade necessária para elevar suas melhores ideias e atenuar os aspectos negativos.

Coração de Ferro estreou no Disney+ em 24 de junho. Os três últimos episódios foram lançados em 1 de julho.

Fonte: CB

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