No universo cinematográfico da Marvel (MCU), desde a estreia do Hulk de Edward Norton há 17 anos, a quantidade de personagens com poderes similares explodiu. O Hulk clássico de Bruce Banner continua ativo (e voltará em “Avengers: Doomsday”), mas agora temos a She-Hulk, o Abominável de Tim Roth e, claro, a estreia de Thaddeus “Thunderbolt” Ross como Hulk Vermelho em “Capitão América: Admirável Mundo Novo”. Isso sem mencionar Skaar, o filho de Banner, as variantes bizarras de “What If…?” e a vergonhosa figura do vilão HulkKing na série da She-Hulk.
Apesar dessa profusão de músculos turbinados por radiação gama, o “Hulk original” parece ter se perdido. Aquele Hulk que os fãs da Marvel tanto amavam sumiu. Em algum momento entre “Vingadores: Era de Ultron” e “Vingadores: Ultimato”, a Marvel decidiu que o mais interessante em Bruce Banner era descobrir como deixar de ser o Hulk. Foi assim que surgiu o “Hulk Inteligente”, uma solução para um problema de personagem que nunca deveria ter existido.
Embora a transformação de Hulk tenha sido útil em “Ultimato”, ela também encerrou um dos arcos de personagem mais interessantes do MCU. O conflito entre homem e monstro, entre vulnerabilidade e fúria, entre o desejo de ser deixado em paz e a necessidade urgente de proteger e pertencer… era o que fazia do Hulk um dos melhores Vingadores originais. Agora que Banner parece satisfeito como um gênio gigante e gentil, o MCU tem um vazio narrativo onde antes existia aquele conflito irresistível.
É por isso que “Thunderbolts” é tão importante para os fãs do MCU que apreciam um bom conflito interno. Porque, pensando bem, o Sentinela de Lewis Pullman é o substituto perfeito para o arco de personagem do Hulk original.
Sentinela: O Substituto Secreto do Hulk Que Você Estava Esperando
Em teoria, o Sentinela é como um Superman com sérios problemas de saúde mental: um homem com o poder de “um milhão de sóis explodindo” cuja própria existência é um paradoxo. Ele é um super-herói com poderes divinos, envolto na fragilidade de um ser humano emocionalmente instável, atormentado e constantemente aterrorizado. E, claro, há o Vácuo: o lado sombrio e corrupto da psique de Bob, que se manifesta como uma força de destruição apocalíptica e imparável sempre que ele perde o controle. Esse conflito entre vulnerabilidade e poder monstruoso soa familiar, não?
Existe, é claro, a possibilidade de que o lado selvagem de Bruce Banner retorne no futuro do MCU, e que possamos ver mais do conflito entre seu desejo por calma e a fúria borbulhante que explode dentro dele, verde e violenta. Mas, se isso não acontecer, o Sentinela pode ser exatamente o que você estava esperando. O arco de Bob, inclusive, pode ir ainda mais longe do que o de Hulk jamais foi. A personalidade de Bob torna a luta mortal contra o Vácuo ainda mais pungente. Ambos os personagens são amaldiçoados por sua existência dividida, mas Bob é mais amável e já está mais ligado a seus companheiros heróis.
E, claro, o Hulk sempre foi um herói, e a promessa de que ele poderia se tornar mau era apenas uma possibilidade distante. A ideia de um Hulk Selvagem nos assombra desde a breve aparição em “Era de Ultron”. Mas isso nunca foi suficiente, e mesmo sendo monstruoso, suas emoções e seu desejo de pertencer, apesar do medo de si mesmo, ainda o tornavam incrivelmente simpático. Muito mais simpático do que um bobão verde e alegre. Somos confrontados com a estranha ideia de que, ao buscar a humanidade, Banner se tornou ainda mais alienígena.
Embora [o final de “Thunderbolts”] sugira que Bob tem as coisas sob controle, a ameaça do reaparecimento do Vácuo é parte essencial de quem ele é. E essa guerra interna, dentro de um homem capaz de vaporizar cidades inteiras em um dia ruim, é tudo o que o MCU atual tem perdido desde que o Hulk se tornou caseiro e… seguro. O Sentinela não é apenas um Hulk 2.0 (ou seja lá qual iteração estamos agora), ele é uma atualização horripilante. E, com sorte, sua popularidade pode nos lembrar – e lembrar a Marvel – por que o Hulk original era tão importante.
Fonte: CB