“A palavra “obra-prima” se tornou quase tão clichê entre os fãs de anime e mangá quanto o meme “Mais de 8000”, sendo usada exageradamente para descrever desde séries realmente incríveis até as dezenas de novas histórias de isekai genéricas que surgem a cada temporada. Se você acompanha páginas de mangá nas redes sociais, provavelmente já ouviu essa expressão aplicada a uma série seinen sobre escalada. Pois bem, o ComicBook está aqui para dizer que, desta vez, o termo foi usado corretamente: The Climber, a série seinen de esporte de Shin-ichi Sakamoto (criador da adaptação incrível de Drácula, #DRCL: Midnight Children) e Jirō Nitta, é exatamente isso: uma obra-prima.”
“Mangás seinen de esporte são um nicho muito subestimado. Animes de esporte ganharam muita popularidade na última década, com títulos como Haikyuu! e Blue Lock se tornando fenômenos globais, e Hajime no Ippo permanecendo como referência no gênero. Mas os mangakas seinen têm muito a oferecer ao mundo dos esportes. Séries como Aoashi, Ping Pong e Medalist têm bases de fãs sólidas. No entanto, todas elas se concentram em esportes onde os protagonistas competem contra outras pessoas. O que acontece, então, quando o único adversário do protagonista de um mangá é ele mesmo?”
“The Climber é um Mangá de Esporte no Topo (Com Trocadilho)”
“O mangá The Climber, de Shin-ichi Sakamoto e Yoshio Nabeda, baseado no romance homônimo de Jiro Natta, foi publicado originalmente na Weekly Young Jump em novembro de 2007 e só agora ganhou uma tradução impressa para o inglês (a VIZ lançou o primeiro volume em abril de 2025). No entanto, por meio de traduções de fãs online, The Climber conquistou uma base de fãs pequena, mas apaixonada (eu incluso), que está incentivando fortemente outras pessoas a conhecerem a série.”
“The Climber começa como uma série de esporte bastante genérica. Buntaro Mori é um aluno transferido do ensino médio que se isola, falta às aulas e evita qualquer tipo de socialização. No entanto, quando é desafiado pelo valentão da escola, um alpinista ávido chamado Miyamoto Hajime, a escalar o prédio da escola, ele se apaixona pela sensação de chegar ao topo e decide escalar sozinho uma montanha próxima. Como Buntaro não tem experiência, equipamento ou ninguém para contar, seu professor, Onishi Masao, outro alpinista apaixonado, jura manter Buntaro seguro no esporte, apesar de este último querer apenas seguir sozinho.”
“Tudo isso soa bem clichê para uma série de esporte, mas, após os primeiros capítulos, a série mergulha rapidamente em algo muito mais psicológico e adequado ao selo seinen. Sem entrar em muitos spoilers, Buntaro é marcado pelo seu passado após um evento infeliz pelo qual ele se culpa injustamente, levando ao seu desejo de isolamento.”
“O que torna The Climber tão grandioso é a forma brutal e honesta como ele disseca Buntaro como personagem, à medida que ele (e nós) aprendemos mais sobre o que o leva a ficar sozinho e sua real motivação para escalar e chegar ao topo. Buntaro não tem um rival, por mais que Miyamoto tente ser um. Abraçando a natureza da escalada como um esporte solo, o maior rival de Buntaro é ele mesmo, tanto dentro quanto fora da montanha.”
A História do Autor de The Climber É Tão Inspiradora Quanto a de Buntaro
“O mangá The Climber começou como um projeto conjunto entre Sakamoto e Nabeda, mas este último saiu após o 30º capítulo. Antes de The Climber, Sakamoto só havia escrito séries Shonen genéricas fracassadas, pois tentava seguir o mercado, em vez de escrever sobre o que lhe interessava como escritor. Com a saída de seu parceiro em The Climber, Sakamoto transformou a série de uma história de esporte comum em um mangá que os fãs amam hoje, tudo porque ele pensava que seria o último mangá que escreveria. Para os fãs que acompanham o trabalho de Sakamoto nos últimos anos, isso pode não ser uma surpresa. Seu #DRCL: Midnight Children, mais recente e elogiado, uma releitura ousada, visceral e inventiva do Drácula de Bram Stoker, mas com elementos de horror e fantasia sombria amplificados, também conquistou muitos fãs. Com The Climber e até mesmo com #DRCL, parece que Sakamoto ainda não escalou o auge de sua carreira.”
“A arte de The Climber é outro motivo para pegar esta série. Desde o primeiro capítulo, a arte é de tirar o fôlego, especialmente as paisagens marcantes enquanto Buntaro escala montanhas locais com seus colegas de classe. No entanto, após a mudança criativa, Sakamoto se inclinou mais para os aspectos psicológicos da história e os apresentou por meio de uma arte mais abstrata. Os visuais de The Climber se tornam menos sobre realismo pitoresco e mais sobre incorporar a psique fraturada e atormentada pela culpa de Buntaro enquanto ele é deixado sozinho com seus pensamentos nas montanhas. The Climber pode não ser o tipo de série de esporte que faz você sair e começar a escalar, mas vai te deixar transformado.”
Fonte: CB
