Os maiores mistérios não resolvidos de My Hero Academia

No aclamado mangá My Hero Academia, Kohei Horikoshi construiu um universo vibrante, repleto de personagens carismáticos, dilemas morais e batalhas memoráveis. A jornada de Izuku Midoriya — o jovem sem individualidade que almeja se tornar o maior herói do mundo — conquistou milhões de fãs e fez da série uma das mais vendidas da última década.

Apesar da narrativa envolvente e do desenvolvimento sólido de muitos personagens, a obra apresenta alguns pontos que deixaram os leitores e espectadores mais atentos confusos — e, em alguns casos, frustrados. São tramas mal resolvidas, conceitos abandonados e decisões criativas que nunca receberam explicação. A seguir, listamos os maiores mistérios que My Hero Academia nunca esclareceu.

A Teoria do Apocalipse das Individualidades foi esquecida?

Logo nos primeiros arcos, a série apresentou a Teoria do Apocalipse das Individualidades, um conceito que previa o colapso da sociedade. Segundo essa teoria, as individualidades se tornariam cada vez mais instáveis e poderosas, a ponto de se tornarem incontroláveis pelas futuras gerações, levando a humanidade à autodestruição.

Apesar de seu peso narrativo, o tema foi sendo deixado de lado e, no final da obra, sequer é mencionado. Fãs chegaram a especular que a individualidade de Toga poderia ser a chave para resolver essa ameaça, mas Horikoshi nunca confirmou nada oficialmente. Uma das ideias mais promissoras da série simplesmente desapareceu da trama.

Por que Deku nunca conheceu outra pessoa sem individualidade?

Midoriya foi apresentado como um dos raríssimos indivíduos a nascer sem individualidade, condição que afeta apenas 20% da população mundial. Mas, considerando a população global, isso representa mais de um bilhão de pessoas. Ainda assim, Deku parece ser o único jovem sem poderes em toda a sua escola — e quase no mundo inteiro.

Além de Izuku, os únicos personagens confirmados sem individualidade são Melissa Shield, All Might (em seu estado atual) e Yuga Aoyama, cuja individualidade foi implantada artificialmente. A ausência de outros personagens sem poder nunca é explicada — uma estranha negligência para um ponto central da história.

Por que Bakugo nunca foi responsabilizado por seus abusos?

Katsuki Bakugo protagoniza um dos arcos de redenção mais marcantes do anime, mas seu passado violento raramente foi tratado com o devido peso. Ainda no início da série, Bakugo agia como um verdadeiro agressor, chegando a incitar Midoriya a se jogar de um prédio — algo que até o próprio autor considerou “passar dos limites”.

Apesar de melhorar como pessoa ao longo da história, Bakugo nunca enfrentou consequências reais por seu comportamento. Ele não foi punido pela escola, pelos professores ou por qualquer figura de autoridade. A ausência de responsabilidade mina o impacto de seu crescimento como personagem.

A U.A. tem recursos ilimitados?

A U.A. High School é uma instituição de elite com acesso a recursos que beiram o absurdo: cidades simuladas, exércitos de robôs, tecnologia de ponta e armamentos que superam os disponíveis para o público em geral. No entanto, nunca se explica de onde vem esse financiamento ilimitado.

Mesmo que se presuma um apoio do governo, essa relação nunca é abordada de forma clara. O contraste fica evidente quando All Might comenta que seu traje “Armored All Might” era extremamente caro, apesar de ser similar aos equipamentos desenvolvidos pelo curso de suporte da escola.

Por que o governo ignorou os feitos de Deku?

Durante a guerra final contra Shigaraki e All For One, Izuku Midoriya foi fundamental para garantir a vitória dos heróis. Ele sacrificou sua saúde, sua individualidade e seu futuro para proteger o Japão — e talvez o mundo. Ainda assim, sua contribuição não foi reconhecida pelas autoridades.

Enquanto seus amigos se mobilizaram para ajudá-lo e até presentearam-no com uma armadura para restaurar seus poderes, o governo japonês permaneceu ausente. Deku, o salvador da nação, foi praticamente esquecido — uma falha narrativa difícil de justificar.

Por que Mineta nunca foi expulso?

Minoru Mineta sempre foi um dos personagens mais polêmicos da série. Conhecido por suas atitudes inapropriadas, especialmente em relação às garotas da Classe 1-A, o personagem frequentemente se comportava de maneira assediosa e covarde.

Mesmo com ações completamente contrárias aos valores heroicos ensinados na U.A., Mineta jamais foi repreendido de forma séria. Sua permanência na classe de Aizawa, um professor rígido e exigente, permanece um mistério — e um ponto amplamente criticado pelos fãs.

Como crianças descobrem individualidades complexas?

Algumas individualidades possuem mecanismos de ativação incrivelmente específicos, o que levanta uma questão importante: como crianças pequenas descobrem esses poderes? Casos como o de Momo Yaoyorozu, cujo poder exige conhecimento químico, ou o de Stain, que precisa beber sangue para paralisar o inimigo, são exemplos difíceis de justificar.

Seria improvável que uma criança testasse essas condições por acaso. O fato de tais individualidades serem descobertas naturalmente desafia a lógica interna do próprio universo da série.

Por que a sociedade parece não ter evoluído?

Apesar de se passar em um futuro onde a maioria da população possui superpoderes, o mundo de My Hero Academia parece estagnado. As tecnologias, os sistemas políticos e a sociedade em geral pouco se diferenciam do presente — o que é estranho, considerando as implicações revolucionárias das individualidades.

Alguns capítulos sugerem que guerras passadas causaram retrocessos, mas mesmo com esse contexto, parece implausível que, após décadas, não tenha havido avanço significativo. O universo de My Hero Academia é vibrante, mas também conservador demais em sua ambientação.

Por que heróis não são responsabilizados?

Embora os heróis sejam tratados como servidores públicos, frequentemente violam leis e diretrizes morais sem sofrer consequências. Endeavor, por exemplo, abusou emocionalmente de sua família por anos — e mesmo após suas desculpas públicas, continuou no topo da hierarquia heróica.

Pior ainda, Hawks matou Twice a sangue frio e foi promovido a uma das figuras mais importantes do Japão. A série frequentemente evita discutir responsabilidade e ética de forma mais profunda, o que enfraquece a verossimilhança do sistema heróico estabelecido.

My Hero Academia é uma obra marcante, com méritos narrativos indiscutíveis. No entanto, suas lacunas e contradições deixam perguntas que jamais foram respondidas. Esses pontos, embora não comprometam a grandeza da série, levantam debates relevantes sobre coerência, desenvolvimento e responsabilidade narrativa.

Talvez, no futuro, Horikoshi decida abordar algumas dessas questões em spin-offs, entrevistas ou continuações. Mas por enquanto, tudo o que podemos fazer é especular — e torcer para que esses mistérios não fiquem para sempre sem resposta.

Fonte: SR