Tony Gilroy, criador de Star Wars: Andor, compartilha sua teoria sobre o porquê de alguns filmes do Universo Cinematográfico Marvel (MCU) terem decepcionado no quesito narrativa. Após o lançamento do final da 2ª temporada de Andor, o cineasta conversou com o /Film sobre seu trabalho na série. Gilroy explicou como a série evoluiu durante o desenvolvimento, revelando que existiram versões em que a estreia de K-2SO em Andor acontecia muito antes na série. Gilroy fez ajustes para que essa aparição ocorresse mais tarde na 2ª temporada, com o interesse de construir algo gradualmente. Ele comparou isso aos problemas que, em sua opinião, assolam os filmes da Marvel.
“Na série, é perfeito. [A introdução tardia de K-2SO] foi algo que sempre pretendi”, disse Gilroy. “As versões que eles tinham da série antes eram elegantes e interessantes. Não eram ruins, mas tinham uma falha fatal, me pareceu: se essa é a sua série, que vamos invadir a Cidadela no piloto, o que você vai fazer no episódio 9? O que você faz? Você vai continuar pegando o disco? … É por isso que todos esses filmes da Marvel são todos — é por isso que eles falham. Você está constantemente… se é só isso que você está fazendo, então tudo o que você está fazendo é tentar pegar o Tesseract.”
O MCU foi a franquia de filmes dominante durante a Saga do Infinito, mas tem enfrentado tempos difíceis recentemente. Várias entradas na Saga do Multiverso tiveram desempenho abaixo do esperado, tanto em crítica quanto em bilheteria, colocando a propriedade em uma posição interessante enquanto busca construir uma conclusão satisfatória em Vingadores: Guerras Secretas e Vingadores: Dinastia Kang. A Marvel recebeu algumas boas notícias recentemente quando Thunderbolts recebeu críticas positivas e teve um desempenho sólido nas bilheterias.
Mesmo durante o auge do MCU, a Marvel recebeu críticas de quem sentia que os filmes dependiam muito de uma fórmula estabelecida. O diretor de Duna, Denis Villeneuve, considera os filmes da Marvel como “copiar e colar de outros”, enquanto Martin Scorsese viralizou por comparar as adaptações de quadrinhos a “atrações de parque temático”.
O ponto principal de Gilroy é que as franquias nem sempre podem repetir a mesma estrutura básica de história, ou então começam a ficar desgastadas. Neste caso, ele está argumentando contra narrativas em que o enredo gira em torno de uma corrida para garantir um MacGuffin. Embora nem todos os filmes da Marvel estejam na mesma escala de Os Vingadores, a maioria deles envolve os heróis tentando obter algum tipo de item. Isso cria uma sensação de narrativa homogênea, em que uma base fundamental está presente em cada filme em diferentes roupagens. Em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, Scott Lang está tentando obter o Núcleo de Poder Multiversal. Em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, o Livro de Vishanti é a chave. “Falhar” pode ser uma palavra um pouco forte, dado o histórico de sucesso de bilheteria da Marvel, mas essa dependência da fórmula levou a histórias que nem sempre são envolventes.
Para ser claro, Gilroy não está dizendo que os MacGuffins são totalmente ruins. Ele está apenas defendendo uma variedade de abordagens dentro de um espaço maior. Se Andor começasse com Cassian liderando uma invasão a uma base Imperial e conhecendo K-2SO, haveria uma questão de para onde mais a série poderia ir. Começar menor e construir gradualmente até os eventos de Rogue One ajudou Andor a se destacar da multidão e se tornar um dos projetos de Star Wars mais aclamados de todos os tempos. Talvez seja revelador que o MCU tenha encontrado sucesso com um filme (Thunderbolts) que foi impulsionado mais por personagem e tema do que pelo enredo. Ele recebeu elogios por sua exploração ponderada do bem-estar mental, mostrando que a Marvel nem sempre precisa de um Tesseract para perseguir. Esperançosamente, os futuros filmes do MCU mudarão as coisas em relação à narrativa.
